A GEOGRAFIA DA DESALIENAÇÃO: "De uma geografia de homens para o capital para uma geografia de homens para sim mesmos"
A GEOGRAFIA DA
DESALIENAÇÃO
Servindo
à estratégia da alienação humana, a geografia é bem a medida dos
homens concretos. É
o que mostra o poema de Vinícius de Morais, “O operário em
construção”, quando o operário é tocado pela conscientização
da materialidade do trabalho nos objetos do seu “espaço vivido".
Mas ele desconhecia
esse fato extraordinário:
que o operário faz a coisa
e a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
o operário foi tomado
de uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
Garrafa, prato, facão
era ele quem os fazia
ele, humilde operário
um operário em construção
olhou em torno: gamela
banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que saiba
Exercer a profissão.
O “Operário em construção”, reencontra-se em seu trabalho, e,
como num passe de mágica, “salta para dento da vida”, como em
“Morte e vida Severina”, de João Cabral de Melo Neto, acontece
todos os dias nos mocambos do Recife.
“E dento da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construído
O operário em construção”
Aquela Geografia que o operário de Vinícius vivenciaria todos os
dias revelara-se algo de fantástico para ele. Subitamente, prato
vira casa, cidade, nação. Reúnam-se na cabeça do operário todas
as partes estrategicamente separadas pelo capital para alienar o
trabalho.
O todo desintegrado reintegra-se em toda a sua inteireza dialética
na cabeça do operário pelo fio condutor do seu trabalho. O
itinerário do prato à nação repõe-lhe ao nível da consciência
operária a unidade orgânica do trabalho intelectual com o trabalho
manual, do trabalho de direção com o trabalho de execução, do
homem com a natureza.
E está dado na consciência operária o passo para a reconstrução.
Se é do trabalho que nascem pão, garrafa, prato, facão, gamela,
banco, enxerga caldeirão, vidro, parede, janela, casa, cidade,
nação, nasce também o poder do patrão.
A reunificação do saber e do poder nas mãos de quem os produz é
a condição necessária à necessária retotalização orgânica de
todos os homens. A que se dê um salto mais alto: o operário
construído para a construção de uma sociedade sem dominantes e
dominados.
De uma geografia de homens para o capital para uma geografia de
homens para sim mesmos.
A geografia é a medida dos homens concretos. Mas são os homens que
fazem a geografia. Podem fazê-la, pois, para os homens.
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
Garrafa, prato, facão
Era ele quem os fazia
Ele, humilde operário
um operário em construção
olhou em torno: gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que saiba
Exercer a profissão.
O “Operário em construção”, reencontra-se em seu trabalho, e,
como num passe de mágica, “salta para dento da vida”, como em
“Morte e vida Severina”, de João Cabral de Melo Neto, acontece
todos os dias nos mocambos do Recife.
Da materialidade do trabalho, nasce a consciência operária.
“E dento da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construído
O operário em construção”
Aquela Geografia que o operário de Vinícius vivenciaria todos os
dias revelara-se algo de fantástico para ele. Subitamente, prato
vira casa, cidade, nação. Reúnam-se na cabeça do operário todas
as partes estrategicamente separadas pelo capital para alienar o
trabalho.
O todo desintegrado reintegra-se em toda a sua inteireza dialética
na cabeça do operário pelo fio condutor do seu trabalho. O
itinerário do prato à nação repõe-lhe ao nível da consciência
operária a unidade orgânica do trabalho intelectual com o trabalho
manual, do trabalho de direção com o trabalho de execução, do
homem com a natureza.
E está dado na consciência operária o passo para a reconstrução.
Se é do trabalho que nascem pão, garrafa, prato, facão, gamela,
banco, enxerga caldeirão, vidro, parede, janela, casa, cidade,
nação, nasce também o poder do patrão.
A reunificação do saber e do poder nas mãos de quem os produz é
a condição necessária à necessária retotalização orgânica de
todos os homens. A que se dê um salto mais alto: o operário
construído para a construção de uma sociedade sem dominantes e
dominados.
De uma geografia de homens para o capital para uma geografia de
homens para sim mesmos.
A geografia é a medida dos homens concretos. Mas são os homens que
fazem a geografia. Podem fazê-la, pois, para os homens.
PUBLICAÇÃO: FERNANDA E. MATTOS, AUTORA
E COLUNISTA DOS BLOGS: UM QUÊ DE CRÍTICA NA GEOGRAFIA E UM QUÊ DE MARX.
REFERÊNCIA: moreira, ruy. o que é geografia. coleção primeiros passos. editora brasiliense. 5ªed. 1981.
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