POR UMA OUTRA GLOBALIZAÇÃO: "Ser cidadão no lugar"
"Os lugares são pois, o mundo", afirmou Milton Santos, em seu livro: Por uma outra globalização. O texto abaixo encontra-se na íntegra, no subcapítulo [18. A esquizofrenia do espaço].
Nas condições atuais, o cidadão do lugar pretende instalar-se também com cidadão do mundo. A verdade, porém, é que o "mundo" não tem como regular os lugares. Em consequência, a expressão de cidadão do mundo, torna-se um voto, uma promessa, uma possibilidade distante. Como os atores globais eficazes são, em última análise, anti-homem e "anticidadão", a possibilidade de existência de um cidadão do mundo é condicionada pelas realidades nacionais. Na verdade, o cidadão só o é (ou não é) como cidadão de um país.
A base para "ser cidadão em um lugar", depende de soluções a serem buscadas localmente, desde que, dentro na nação, seja instituída uma federação de lugares (...) A base geográfica dessa construção será o lugar, considerado como espaço de exercício da existência plena. lustração de Carlos Novaes e César Lobo [Cidadania para principiantes, p.18].
"Ser cidadão de um país", sobretudo, quando o território é extenso e a sociedade muito desigual, pode constituir, apenas, uma perspectiva de cidadania integral, a ser alcançada nas escalas subnacionais, a começar pelo nível local.
Esse é o caso brasileiro, em que a realização da cidadania reclama, nas condições atuais, uma revalorização dos lugares e uma adequação de seu próprio estatuto político. A multiplicidade de situações regionais e municipais, trazida com a globalização, instala uma enorme variedade de quadros de vida, cuja realidade preside o cotidiano das pessoas e deve ser a base para uma vida civilizada em comum. Assim, a possibilidade de cidadania plena das pessoas depende de soluções a serem buscadas localmente, desde que, dentro na nação, seja instituída uma federação de lugares, uma nova estruturação político-territorial, com a indispensável redistribuição de recursos, prorrogativas e obrigações.
A partir do país como federação de lugares será possível, num segundo momento, construir um mundo como federação de países.
Trata-se, em ambas as etapas, de uma construção de baixo pra cima cujo potencial central é a existência de individualidades fortes e das garantias jurídicas correspondentes. A base geográfica dessa construção será o lugar, considerado como espaço de exercício da existência plena. Estamos, porém, muito longe da realização desse ideal. Como, então, poderemos alcança-los?
Confunde-se cidadania com filantropia ou caridade, um viés paternalista. A cidadania é uma condição adquirida por indivíduos que consegue exercitar todos os seus direitos (vá lá, uma parte deles), assegurados por lei.
E que não esqueçamos também de nossos deveres!
REFERÊNCIAS: POR UMA OUTRA GLOBALIZAÇÃO. EDITORA: RECORD, 2008. PÁGINAS:114-115.
CARLOS EDUARDO NOVAES. CIDADANIA PARA PRINCIPIANTES. EDITORA: ÁTICA, 2011. PÁGINAS:15-19. EDIÇÃO E SÍNTESE: FERNANDA E. MATTOS, AUTORA E COLUNISTA DO BLOG UM QUÊ DE MARX.
Esta publicação e até mesmo a edição da mesma. Sem fins lucrativos e cite a fonte. Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.
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