Geografia e literatura: #05 Mapa Múndi/2 (Regionalização)
Ao Sul, a repressão. Ao Norte, a depressão.
Não são poucos os intelectuais do Norte que se casam com as revoluções do Sul só pelo prazer de ficarem viúvos. Prestigiosamente choram, choram a cânticos, choram mares, a morte de cada ilusão; e nunca demoram muito para descobrir que o socialismo é o caminho mais longo para chegar do capitalismo ao capitalismo.
A moda do Norte, moda universal, celebra a arte neutra e aplaude a víbora que morde a própria cauda e acha que é saborosa. A cultura e a política se converteram em artigos de consumo. Os presidentes são eleitos pela televisão, como os sabonetes, e os poetas cumprem uma função decorativa. Não há maior magia que a magia do mercado, nem outros heróis mais heróis do que os banqueiros.
A democracia é um luxo da América do Norte. Ao Sul é permitido o espetáculo, que não é negado a ninguém. É ninguém se incomoda muito, afinal, que a política seja democrática, desde que a economia não o seja. Quando as cortinas se fecham no palco, uma vez que os votos foram depositados nas urnas, a realidade impõe a lei do mais forte, que é a lei do dinheiro. No sul do mundo, ensina o sistema, a fome e a violência não pertencem à história, mas a natureza, e a justiça e a liberdade foram condenadas a odiar-se entre si.
SÍNTESE E PUBLICAÇÃO: FERNANDA E. MATTOS, AUTORA E COLUNISTA DO BLOG UM QUÊ DE CRÍTICA NA GEOGRAFIA. . REFERÊNCIA: O livro dos abraços, P.108. EDUARDO GALEANO. EDITORA: L&PM EDITORES, 2014.
É permitido o compartilhamento desta publicação e até mesmo a edição da mesma. Sem fins lucrativos e cite a fonte. Creative Commons
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