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TRÊS DEFINIÇÕES DA POBREZA- Milton Santos (Pobreza Urbana e Por uma outra globalização)


TRÊS DEFINIÇÕES DA POBREZA- Milton Santos (Pobreza Urbana e Por uma outra globalização) 

Antes das definições dos "três tipos de pobreza, é importante compreender o que, a pobreza, pela ótica de Milton Santos, no livro: “Pobreza Urbana”:
“o termo pobreza, não só implica um estado de privação material como também um modo de vida - um conjunto complexo e duradouro de relações e instituições sociais, econômicas, culturais e políticas, criadas para encontrar a segurança dentro de uma mesma situação insegura” (...) *

É importante compreender que, o assunto exige de nós uma ótima dinâmica, onde todos os fatores (internos e externos), devem ser levados em consideração, caso ocorra o contrário, estaríamos correndo o risco de buscar soluções parciais e contraditórias. E tais medidas parciais e contraditórias são considerados pelo autor, como, maneira de “esquivar-se ao problema da pobreza”, ignorando que a nossa sociedade é dividida em classes e desiguais, por sinal.


Favela Paraisópolis, a segunda maior favela da cidade de São Paulo, SP, Brasil. Foto de Roberto Rocco. 


Segundo o geógrafo, Milton Santos, “a pobreza não é apenas uma categoria econômica, mas também uma categoria política acima de tudo. Estamos lidando com um problema social”. **
(É preciso salientar que, há diferente tipos de pobreza, tanto a nível internacional, quanto dentro de cada país).
 
Personagem Mafalda, de Quino. 


Segundo o autor, “existem formas de encobrir a realidade”, sendo uma delas, a meritocracia: “já não se afirmou que o pobre pode melhorar de situação através do esforço individual, da iniciativa pessoal ou da educação? É dessa maneira que se alimenta a esperança da mobilidade ascendente, justificando, ao mesmo tempo, a sociedade competitiva (...) Assim, a pobreza é considerada apenas como uma situação transitória, um estágio necessário na mobilidade social (...)” ***

A citação acima, reforça a ideia de tal “mascaramento” da realidade, justificando a pobreza como uma etapa transitória da vida, e apostando no discurso do “mérito pessoal”, na sociedade capitalista. 

Clique aqui e visualize na íntegra, o quadrinho que desconstrói o conceito de meritocracia. 
Após discorrer sobre a máscara imposta a justificativa da pobreza, o autor fala sobre o “malthusianismo” presente nessas teses e afirmações (sejam justificativas e/ou teorias conservadoras, naturalistas, conformistas...).

TRÊS DEFINIÇÕES DA POBREZA-  Milton Santos

Jovens, moradores de rua. Fotografia de Sebastião Salgado. 
Em meio século, três definições da pobreza: 

Os países subdesenvolvidos conheceram pelo menos três formas de pobreza e, paralelamente, três formas de dívida social, no último meio século. A primeira seria a que ousadamente chamaremos de (1). “pobreza incluída”, a pobreza ocidental, às vezes residual ou sazona, produzida em certos momentos do ano, uma pobreza initersticial, sobretudo, sem vasos comunicantes. Ex. “os movidos por driving forces”- devido a mobilidade das técnicas.
Já a (2). “pobreza da marginalidade”, refere-se a pobreza produzida pelo processo econômico da divisão do trabalho, internacional ou interna. Nesse tipo, a pobreza é vista como uma “doença presente na civilização”, cujo o próprio processo inclui o processo econômico. Nesse tipo, está relacionado, o conceito de pobreza relativa (a classificação do indivíduo no poder de consumo).
E agora, chegamos ao terceiro tipo, (3). “a pobreza estrutural”, que de um ponto de vista moral e político equivale a uma dívida social. Ela é estrutural e não mais local, nem mesmo mais local, nem mesmo nacional; torna-se globalizada, (...) presente nos países já pobres, mas também uma produção científica, portando voluntária da dívida sócia, para a qual, a maior parte do planeta, não se buscam remédios. Nesse tipo, há um processo de “naturalização da pobreza”, uma pobreza produzida politicamente, pelas empresas globais, com a colaboração do Estado. Nesta definição, os pobres não são mais marginais, e sim definitivamente excluídos, o que Milton Santos chama de “processo de divisão do trabalho administrada”.  ****














* página 19: Pobreza Urbana.
** página 18: Pobreza Urbana.
*** página 21: Pobreza Urbana.
**** Trechos síntese de: Por uma outra globalização p. 69-74
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